12 outubro 2008

Prosa Patética

"(...) Escorro entre palavras, como quem navega um barco sem remo.
Um fluxo de líquidos. Um côncavo silêncio.
Clarice diz, que sua função é cuidar do mundo.
E eu, que não sou Clarice nem nada, fui mal forjada,
não tenho bons modos nem berço.
Que escrevo num tempo onde tudo já foi falado, cantado, escrito.
O que o silêncio pode me dizer que já não tenha sido dito?
Eu, cuja única função é lavar palavra suja,
nesse fim de século sem certeza?
Eu quero que a solidão me esqueça."

( Viviane Mosé )

Trecho de poema do livro Toda Palavra
Sete Letras, 1997
Postado por Anônimo às 17:03

1 comentários:

Anônimo disse...

Acho que a solidão só esquece da gente quando a gente esquece dela!

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Deixe a timidade de lado, não posso oferecer um copo de leite com biscoitos, mas vale uma fruta? :)