15 outubro 2010

Filosofia de bar

Copo meio cheio ou meio vazio, vai saber. No fim a ressaca das pernas é a mesma, isso que já não se anda tanto há um certo tempo. O pensamento fechado, a conversa vazia, noites a fio sem sequer uma sensação de descanso. A cabeça trabalhando fora de sintonia com as palavras, os gestos, as ações. É uma contradição interna, para que no fundo ninguém saiba o segredo da tranca - que de segredo, convenhamos, não tem nada.

Essa vida torta parece um baile de máscaras. A gente esquece nome, rosto, corpo, pele, roupas, pudor… Não espera amanhecer, pois a primeira chegada da luz é suficiente para nos lembrar que é outro dia. Passa a festa, voltamos pra casa e o dia amanhece como se nada fosse importante o suficiente para ser lembrado.

E a gente se consome todo dia…
Postado por Anônimo às 18:12 0 comentários
15 outubro 2010

Filosofia de bar

Copo meio cheio ou meio vazio, vai saber. No fim a ressaca das pernas é a mesma, isso que já não se anda tanto há um certo tempo. O pensamen...
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Desencontro sem acaso

Fugia com determinação dos olhares dela como uma criança foge do frio debaixo dos lençóis pré-aquecidos pelo conforto da troca de fluídos entre sua mãe e algum outro homem. Depois de uma noite inteira em claro, poderiam ter escolhido outro ambiente para ter aquela conversa. Antes mesmo de tentarem se entender no início daquela manhã, foram interrompidos por pelo menos duas crianças e um mendigo pedindo dinheiro na beira da rodoviária.

Não consultaram as horas. Teria se passado quanto tempo? Duas horas, três, cinco?
Quinze minutos, na verdade. Aquele papo mudo parecia insuportavelmente longo. Trocaram uma centena de palavras sem que uma sequer tivesse sido efetivamente pronunciada.

Com uma súbita coragem e uma firmeza que foi emprestada de outros momentos, encarou-a por alguns segundos antes de, fitando seus olhos, responder ao que ela não tinha dito (e tampouco precisava):

- Você é incapaz de amar alguém.

E subiu no ônibus com muitas respostas, mas nenhuma pergunta.

Mal sabia ele que eram duas crianças, mimadas pelas facilidades que tiveram na sua pacata vidinha classe média do plano piloto. Quando já não havia mais como seus olhares se encontrarem novamente, ela se despiu da indiferença que trouxera consigo desde a noite anterior e, como se tivessem lhe arrancado uma perna, desabou no chão, chorando tão alto que não se ouvia chamando pela própria mãe.
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Desencontro sem acaso

Fugia com determinação dos olhares dela como uma criança foge do frio debaixo dos lençóis pré-aquecidos pelo conforto da troca de fluídos en...
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19 abril 2010

Fragmento II

Ela ignorava qualquer possibilidade de ser feliz. Era como se admitir que o curso das coisas vai bem fosse um empecilho para se sentir confortável consigo mesma. Não importava se na vida dela não existissem desgostos, ela logo tratava de encontrar algum.
Postado por Anônimo às 18:10 0 comentários
19 abril 2010

Fragmento II

Ela ignorava qualquer possibilidade de ser feliz. Era como se admitir que o curso das coisas vai bem fosse um empecilho para se sentir confo...
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17 abril 2010

Fragmento I

É como se a felicidade só existisse nesse estado sutil de desespero.
O sorriso encharcado de suor, comprimindo contra o corpo a angústia - falsa acalentadora de emoções - que só existe quando muito desejada, quase tanto quanto a vontade de livrar-se dela.
Postado por Anônimo às 18:10 1 comentários
17 abril 2010

Fragmento I

É como se a felicidade só existisse nesse estado sutil de desespero. O sorriso encharcado de suor, comprimindo contra o corpo a angústia - f...
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Querer intensamente

Sem meta e nem rumo, a pista segue em frente. No meio das curvas, desvios e retornos que se encontram perdidos no caminho - talvez não mais que eu, que pouco sei por que lado da vida seria mais seguro caminhar -, eu procuro encontrar algum viver pra mim. Não o mais belo e promissor futuro de todos, que talvez nem mesmo alcance um terço do que prometem as expectativas, mas um que possa, talvez, trazer razoável tranquilidade a quem prefere se manter indigesto.

Uma expectativas inquieta, que não me faça perder as intensidades, misturadas a um exagero tão evitado pelos constantes conselhos que algumas vivências me trazem. Quero um um exagero um pouco maior que aquele, um exagero menos indiferente e mais próximo do âmago do corpo, mesmo que apenas momentâneo ou simulado. Aliás, há instantes em que o teatro cotidiano já não me incomoda tanto, e, ao final do espetáculo, todo esse ensaio se perde da realidade e cria uma falsa satisfação que anestesia os sentidos. O pouco que a vida me permitiu compreender dos sentidos é o suficiente para me ceder o desejo de alcançar qualquer um que exista, ao mesmo tempo que me prende ao medo das espectativas que, quando deixadas logo de início, já não são mais tão temorosas quanto eram no princípio.
Postado por Anônimo às 18:08 0 comentários

Querer intensamente

Sem meta e nem rumo, a pista segue em frente. No meio das curvas, desvios e retornos que se encontram perdidos no caminho - talvez não mais ...
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O que sei do tempo

Acho que nada.
E não deveria fazer questão de saber, embora algumas vezes arrisque acreditar que sei. Arrisco fingir. O que não é uma dificuldade maior do que segurar aquela vontade louca de saber do tempo. O tempo que passa, o tempo que fica e o tempo que diz que vem. Finge que vem. Minha noção do tempo virou uma linha conturbada entre o que é e o que não está para acontecer, sem qualquer espectativa de entendimento.



Mas eu finjo que entendo.
Postado por Anônimo às 18:08 0 comentários

O que sei do tempo

Acho que nada. E não deveria fazer questão de saber, embora algumas vezes arrisque acreditar que sei. Arrisco fingir. O que não é uma dificu...
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