10 fevereiro 2009

Lembrar-se do que nunca existiu

E, como se lembrasse, Clarice escreve. Assim traz à memória um sentimento capaz de se desenhar sozinho. Sentimento que não vive e não morre: apenas se lembra.

Mas viver é um processo contrário. O que acontece, se esquece de tanto lembrar. Coisas supérfluas se tornam os momentos marcantes, e quando não resta mais nada, as unhas enterram tão fundo no corpo que a lembrança se machuca. Se desgasta. Se acaba. Se mata. E não há mais o que lembrar. Se eu não tenho do que lembrar, logo não terei do que escrever.

E algumas palavras não podem ser recicladas.

Percebi: não tenho do que lembrar, apenas do que esquecer. Passa a dor, passa o momento. Até que tudo acaba e sobram restos de verdades.

Mas verdades não são lembranças.
Postado por Anônimo às 19:00 0 comentários
10 fevereiro 2009

Lembrar-se do que nunca existiu

E, como se lembrasse, Clarice escreve. Assim traz à memória um sentimento capaz de se desenhar sozinho. Sentimento que não vive e não morre:...
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