José Ortega y Gasset¹ quase me convenceu ao falar de uma visão puramente objetiva da arte. Ele é, de fato, convincente em uma primeira leitura, ao se tratar de obras. E é isso que são quando você as desumaniza: puramente produção. Artística? Não. Isso não é arte. Qualquer coisa que tenha a interpretação enfiada em um cano sem brechas - limitado - é objeto.
Objeto só é arte a partir de um ponto de vista. De dois, de três, de quatro, cinco, muitos, vários, todos...
E não existe nada tão lindo, tão vivo e, principalmente, tão humano quanto a arte.
¹ A desumanização da arte - José Ortega y Gasset
(Traduzido por Ricardo Araújo)
24 outubro 2008
O que seriam?
24 outubro 2008
O que seriam?
Promessas pequenas, palavras apenas. A ilusão tornaria tudo mais fácil, mas a desconfiança é uma víbora dominadora.
18 outubro 2008
O paradoxo da espera do ônibus
18 outubro 2008
O paradoxo da espera do ônibus
Um pouco de interatividade. À parte, para eu não esquecer: "Sou extremista porque quem é moderado na proclamação da verdade, proclama ...
15 outubro 2008
(Ainda) Não foi dessa vez...
15 outubro 2008
(Ainda) Não foi dessa vez...
Não foi dessa vez... Que o tempo partiu Que a boca cedeu Que o corpo fugiu Que a vida te jogou para longe de mim. Joga longe, joga alto. Jog...
Prosa Patética
"(...) Escorro entre palavras, como quem navega um barco sem remo.
Um fluxo de líquidos. Um côncavo silêncio.
Clarice diz, que sua função é cuidar do mundo.
E eu, que não sou Clarice nem nada, fui mal forjada,
não tenho bons modos nem berço.
Que escrevo num tempo onde tudo já foi falado, cantado, escrito.
O que o silêncio pode me dizer que já não tenha sido dito?
Eu, cuja única função é lavar palavra suja,
nesse fim de século sem certeza?
Eu quero que a solidão me esqueça."
( Viviane Mosé )
Trecho de poema do livro Toda Palavra
Sete Letras, 1997
Um fluxo de líquidos. Um côncavo silêncio.
Clarice diz, que sua função é cuidar do mundo.
E eu, que não sou Clarice nem nada, fui mal forjada,
não tenho bons modos nem berço.
Que escrevo num tempo onde tudo já foi falado, cantado, escrito.
O que o silêncio pode me dizer que já não tenha sido dito?
Eu, cuja única função é lavar palavra suja,
nesse fim de século sem certeza?
Eu quero que a solidão me esqueça."
( Viviane Mosé )
Trecho de poema do livro Toda Palavra
Sete Letras, 1997
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Prosa Patética
" (...) Escorro entre palavras, como quem navega um barco sem remo. Um fluxo de líquidos. Um côncavo silêncio. Clarice diz, que sua fu...
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08 outubro 2008
Falar por não falar.
Que o escritor é um egocêntrico, já não é novidade. Passa a não existir mais um mundo que possa interferir em si - tudo é sua própria idéia e criação. Mas, acima disso, ele é um preguiçoso (generalização salva como expressão de inconformismo*). Chega o ponto em que ele não quer mais falar de amor, não quer falar de igualdade, de convívio, de declínio, direito ou viés. Vai tudo abaixo, e olhe lá, poderia ser pior e será.
Homens (homens, homens, homens, homens) que não se atreveram - e os que não se atrevem - a remover a bunda da poltrona, e as mãos: essas sempre muito ocupadas escrevendo para que pudessem se desgastar ao serem levantadas em causa dos outros. Homens, burgueses, escolarizados e intelectualóides, muitos querendo discutir liberdade, igualdade e fraternidade - para quem é que eu não sei -, mas nenhum deles se atreveria a sacrificar sua máquina de escrever para lutar por um bem que é da "gente", da ralé. Morrem por suas idéias, por seus livros, por sua honra - jamais por suas ações, por suas virtudes, por seus sacrifícios (sacrifício? Eu? Tá brincando, né?).
Ética biocêntrica e proteção animal é coisa ambientalista-eco-chato ou de mulherzinha-sentimental, não tem qualquer relação com o homem (homem, palavra forte, humanidade dá preguiça), a razão e o convívio social - com o qual eu nem mesmo deveria me importar. Ir pra São Sebastião, pra Taguatinta, Ceilândia, fazer o quê? Ajudar criança analfabeta e vítimas de exploração infantil? Vai fazer outra coisa, larga disso. E vou. Vou viver minha palavra, o resto que se foda.
Com todo (ou nenhum) perdão da palavra, ser um escroto pode não te fazer uma pessoa melhor - mas te inventa um intelectual extraordinário. E quem não quer a vida boa de ficar em casa reclamando do mundo, enquanto ele continua errado lá fora?
E para legitimar mais ainda, inventaram a tal da propriedade intelectual. Pensar agora é produto, que se compra, se importa, se vende e se prende - não tem dinheiro, se vira. E não vale reproduzir, reler ou reinventar - eu que fiz, então é meu. Como se o pensamento fosse único, fechado e exclusivo, não existe interação. Não com quem não pode pagar.
E esse mundo continua assim: restrito aos homens, burgueses, escolarizados e intelectualóides - agora até mesmo com direitos autorais.
* Não que não existam outros escritores ou mulheres.
Isso só não quer dizer que não existam os que são assim - ou que só esses "existam". Credibilidade fica a critério. Sei lá, não quero saber, depois eu penso nisso.
Homens (homens, homens, homens, homens) que não se atreveram - e os que não se atrevem - a remover a bunda da poltrona, e as mãos: essas sempre muito ocupadas escrevendo para que pudessem se desgastar ao serem levantadas em causa dos outros. Homens, burgueses, escolarizados e intelectualóides, muitos querendo discutir liberdade, igualdade e fraternidade - para quem é que eu não sei -, mas nenhum deles se atreveria a sacrificar sua máquina de escrever para lutar por um bem que é da "gente", da ralé. Morrem por suas idéias, por seus livros, por sua honra - jamais por suas ações, por suas virtudes, por seus sacrifícios (sacrifício? Eu? Tá brincando, né?).
Ética biocêntrica e proteção animal é coisa ambientalista-eco-chato ou de mulherzinha-sentimental, não tem qualquer relação com o homem (homem, palavra forte, humanidade dá preguiça), a razão e o convívio social - com o qual eu nem mesmo deveria me importar. Ir pra São Sebastião, pra Taguatinta, Ceilândia, fazer o quê? Ajudar criança analfabeta e vítimas de exploração infantil? Vai fazer outra coisa, larga disso. E vou. Vou viver minha palavra, o resto que se foda.
Com todo (ou nenhum) perdão da palavra, ser um escroto pode não te fazer uma pessoa melhor - mas te inventa um intelectual extraordinário. E quem não quer a vida boa de ficar em casa reclamando do mundo, enquanto ele continua errado lá fora?
E para legitimar mais ainda, inventaram a tal da propriedade intelectual. Pensar agora é produto, que se compra, se importa, se vende e se prende - não tem dinheiro, se vira. E não vale reproduzir, reler ou reinventar - eu que fiz, então é meu. Como se o pensamento fosse único, fechado e exclusivo, não existe interação. Não com quem não pode pagar.
E esse mundo continua assim: restrito aos homens, burgueses, escolarizados e intelectualóides - agora até mesmo com direitos autorais.
* Não que não existam outros escritores ou mulheres.
Isso só não quer dizer que não existam os que são assim - ou que só esses "existam". Credibilidade fica a critério. Sei lá, não quero saber, depois eu penso nisso.
08 outubro 2008
Falar por não falar.
Que o escritor é um egocêntrico, já não é novidade. Passa a não existir mais um mundo que possa interferir em si - tudo é sua própria idéia ...
06 outubro 2008
A aversão à rotina é a desculpa mais esfarrapada de quem chega às quase quatro horas da manhã de segunda (ou seria domingo?) no intuito de, em uma tentativa mal-feita e frustrada, escrever o que seria uma enumeração de coisas que poderiam ser feitos no lugar de uma aula. A aula está inclusa em uma rotina - mas mudar essa ordem, seja como for, seria estabelecer uma nova. Até dá para entender quando se tratando de um só dia, mas deixando para os demais, vira outra rotina. A rotina de estar sempre pensando o que fazer no lugar do que era antes. E eu não quero pensar no que faria. Poderia fazer um milhão de coisas, e ao mesmo tempo permanecer no lugar sem qualquer produtividade: segunda-feira é um péssimo dia para começar as coisas, principalmente pois é quando todas elas começam. Não me lembro de já ter ouvido alguém falar em começar uma dieta em algum dia diferente, como no sábado ou feriado. É sempre na segunda. O dia de começar novas fases, novas idéias, novos desafios - todos dos quais, provavelmente, nem sequer se terá mais noticia daqui a alguns dias.
Tenho tanta coisa para pensar que o mais provável é que eu dormisse até mais tarde, ou mesmo assistisse a uma aula de Semiótica (é o que eu "melhor" sei fazer em uma manhã como essa, e nem quero me imaginar fazendo outra coisa, e como nem todo dia é o mesmo dia, já estou fora da ordem de qualquer maneira).
Tenho tanta coisa para pensar que o mais provável é que eu dormisse até mais tarde, ou mesmo assistisse a uma aula de Semiótica (é o que eu "melhor" sei fazer em uma manhã como essa, e nem quero me imaginar fazendo outra coisa, e como nem todo dia é o mesmo dia, já estou fora da ordem de qualquer maneira).
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